CARISMA SACRAMENTINO
O que é carisma? Qual a diferença entre carisma e
espiritualidade? Como tornar visível o carisma?
Cada família tem uma característica particular, tanto no
aspecto genético quanto cultural e social. Da mesma forma as congregações, que
podemos entender como famílias religiosas.
Fazendo uma comparação com os termos da biologia, vamos
pensar no genótipo e fenótipo[1].
O genótipo de uma pessoa é a herança genética que recebeu de
seus pais, um conjunto de genes que determina toda sua estrutura, que o tornam
exatamente como é. O genótipo está na origem de nossas características. A
própria palavra genótipo significa isto: característica de origem. E é
imutável. Como exemplo podemos citar o par de cromossomos sexuais que define o
sexo de uma pessoa.
O fenótipo é o conjunto de características externas:
morfológicas, físicas, comportamentais, que em grande parte podem ser vistas,
percebidas. A cor dos olhos, da pele, o tipo de cabelo, o formato do nariz, por
exemplo. Elas podem sofrer influência do
meio. A palavra fenótipo significa característica evidente, brilhante.
Voltemos ao conceito de carisma. O carisma de uma congregação
é seu genótipo, sua informação genética que define um jeito de ser e de viver
sua missão. O fenótipo é a maneira como tornamos esse carisma evidente e pode
sofrer alterações ao longo da história pelas circunstâncias do tempo e lugar.
A palavra carisma tem origem no grego kharisma e significa dom. O carisma é um dom do Espírito. Na carta
aos Coríntios, no capítulo 12, São Paulo afirma que “existem diferentes dons,
mas o Espírito é o mesmo. (...) A cada um é concedida a manifestação do
Espírito para o bem comum” (I Cor 12, 4;7). Desta forma, cada Congregação, a
partir do seu carisma, manifesta um jeito próprio de viver sua consagração a
Deus, o seguimento a Jesus Cristo.
Carisma, espiritualidade e missão são elementos constitutivos
de uma Congregação. Embora distintos, estão inter-relacionados, sendo difícil
refletir sobre um aspecto sem mencionar os demais.
O carisma é um
legado dos fundadores. Inspirados por Deus deixaram-se mover pelo Espírito e
manifestam seu carisma de uma forma específica, cativando outras pessoas para
assumirem determinada missão. O carisma começa com os fundadores e continua
através dos membros da Congregação que o desenvolvem a partir de seus próprios
dons, buscando responder aos apelos do momento atual. Assim se atualiza e se perpetua
o carisma fundacional.
A espiritualidade
é o combustível que mantem acesa a chama do carisma. É como a água que regou as
plantas. Quando olhamos o solo geralmente não vemos a água, mas sabemos da sua
presença pelo aspecto da planta, pela sua vitalidade, pelas flores e fruto que
produz.
Já a missão é a
expressão do carisma, alimentado pela espiritualidade. É a manifestação de
nossa identidade, de nosso rosto congregacional, nossa marca.
Compreendidos estes conceitos, vamos voltar nosso olhar para
Jesus. Ele tem características, uma personalidade que encanta e atrai milhares
de pessoas ao longo dos séculos.
O Pe. Zezinho, em uma de suas conhecidas canções, afirma que
o segredo para ser feliz é amar como Jesus amou, sonhar como Jesus sonhou,
viver como Jesus viveu... sentir, sorrir, enfim, seguir Jesus.
As congregações são grupos de pessoas que, encantadas por
Jesus desejaram viver algum aspecto específico de sua vida, por exemplo: a
compaixão, a misericórdia, a pobreza, o cuidado aos enfermos, a acolhida aos
marginalizados etc. E nós Sacramentinas?
Como Congregação das Irmãs Sacramentinas de Nossa Senhora, a
partir do legado de nossos fundadores, assumimos como nosso compromisso:
Viver e testemunhar o amor à Eucaristia e à Maria, no serviço ao povo, especialmente à infância e à juventude e, na unidade, construir comunhão (Const. n. 4).
Os dois elementos fundamentais do nosso carisma são: Eucaristia e Maria. A partir deles há inúmeros desdobramentos.
Eucaristia nos remete à comunhão, unidade, partilha, entrega,
sacrifício, doação, gratuidade, serviço...
Maria nos ensina a presteza em servir, presença solidária,
sensibilidade com os que mais sofrem, ser voz dos pobres e pequenos, serviço na
gratuidade, discipulado...
Pe. Júlio Maria quis que vivêssemos a Eucaristia, elemento
central de nossa fé cristã, do jeito de Maria. Ele nos legou um carisma essencialmente
missionário-eucarístico-mariano. E é algo muito exigente: Viver a Eucaristia é
fazer da vida uma oferta como a de Jesus: tomado, partido, dado para a vida do
mundo. Ser pão gostoso para alimentar as fomes. É atender hoje o convite de
Jesus: “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mc 6, 37).
E a partir desta reflexão podemos nos perguntar:
Ø Quais são os meus dons? Como posso
colocá-los a serviço da vida?
Ø O povo tem fome de Deus. Como posso responder aos clamores e apelos do contexto atual?
[1] A palavra fenótipo tem origem no grego pheno, cujo significado é “evidente” ou “brilhante”, e em typos, que significa “característica”. Já o termo genótipo originou-se de genos, com sentido próximo de “originar”, e typos, ou seja, aquilo que é “característico”.
Irmã Renata Mago, sdn
Ótima reflexão Irmã Renata.
ResponderExcluirMuito boa reflexão!
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