A CRB Regional Belo Horizonte, MG, realizou nos dias 28 a 30
de maio de 2015, em BH, o Curso de Espiritualidade Missionária, sob a
Coordenação das Irmãs: Ivani Brito e Fátima - setor de Missão da CRB Nacional e
a assessoria de Irmã Tea Frigerio, Xaveriana.
Além de todas as Comunidades Religiosas presentes em todo o Estado
de Minas Gerais, o curso foi aberto também ao Secretariado Arquidiocesano para
a Vida Consagrada. Estavam presentes várias Comunidades de Vida, Leigas/os Consagradas/os.
Aproximadamente 130 participantes.
A assessora iniciou sua reflexão com as seguintes questões: a
partir de que lugar queremos refletir sobre missão? Qual o conceito de missão
que carregamos? Que estilo de missão queremos viver? Com muita competência,
criatividade, sabedoria, ela dinamizou o encontro suscitando em nós, o desejo
de aprofundamento da nossa vida missionária.
Vejam alguns pontos interessantes que ela destacou: A
missão como ação do Espírito: A dimensão pneumatológica da missão e seus
desdobramentos na Vida Cristã. Queremos deter nosso olhar tendo
a perspectiva do Espírito Santo, pois muitas vezes esta segunda parte da obra
de Lucas (Atos dos Apóstolos), foi chamada de A Boa Nova do Espírito Santo.
Podemos
interpretar o livro dos Atos como o Evangelho do Espírito, lendo e
descobrindo a presença e a ação do Espírito Santo em toda narrativa da obra.
Seguindo a perspectiva do próprio autor, Lucas, procura reconstruir o Movimento
de Jesus, após a ressurreição, como um Movimento do Espírito Santo, como um movimento
de pessoas conduzidas por este Espírito.
Ao
seguirmos esta inspiração, o Espírito Santo se torna a chave hermenêutica para
interpretar os fatos narrados por Lucas e, sobretudo estes acontecimentos
organizados como uma história a se desenvolver.
Ao
fazer isto nos colocamos em atitude de fidelidade ao pensamento e propósito que
Lucas deu ao seu livro: reler e reconstruir o Movimento de Jesus como Movimento
do Espírito; reler, repensar, reconstruir a Igreja posterior em continuidade, concreta
e específica, como Movimento de discípulos e discípulas de Jesus movidas pelo
Espírito Santo.
O
Discipulado: Missão é ser e fazer Discípulos - João 4,1-42; Atos 8,4-7.26-40. Ao refletirmos em
grupos estes dois textos Bíblicos, a pergunta era: quando é que o diálogo flui?
No primeiro texto, várias tentativas de acerto: uns diziam que era quando a
mulher samaritana chegou par tirar água, outros diziam no momento em que Jesus a
mandou chamar o marido, entre outros palpites, mas na verdade, o diálogo flui,
diz a assessora, quando Jesus se cala e deixa a mulher falar. O diálogo
acontece quando nos colocamos no mesmo nível, onde não há superioridade. A
troca de água sempre nos enriquece e nos faz despir de um Deus poderoso, lá das
alturas.
No segundo texto. Quando é que a
Palavra de Deus tornou-se Boa Notícia para o Eunuco? Quando ele entendeu que
aquela palavra era para ele. A Palavra é sempre uma Boa Notícia quando ela
inclui, liberta, transforma. Este homem tornou-se fundador de várias
comunidades na Etiópia. Para que a palavra seja Boa Notícia ela precisa
penetrar e transformar o interior de quem a escuta e o levar a uma ação.
O
Envio: Missão é sair para tornar-se Hóspedes na casa dos outros - Mateus 15,21-28. Ler e comparar
com Marcos 7,24-30.
Perceber as diferenças. Quais os
acréscimos em Mateus? Qual o conflito que a comunidade vivia que está por trás
dos acréscimos e o caminho encontrado para superá-los? Com a participação dos
grupos Irmã Tea fez uma reflexão muito bonita e profunda em relação a estas
duas comunidades: de Mateus e Lucas. As comunidades estavam vivendo um
fechamento em si mesmo. Jesus também entende que veio somente para os filhos.
Quais são os confins da missão? Quem são os protagonistas? Quem são os
destinatários? Os discípulos ficaram incomodados com os gritos da mulher
Cananéia. Mas Jesus, entendendo que não veio para os pagãos pede-lhe um tempo “deixe que primeiro os filhos fiquem
saciados”. A mulher respondeu a Jesus com a sabedoria do cotidiano. Na
concepção dela existia uma só mesa, onde se incluía também os cachorrinhos. A
partir da resposta da mulher, Jesus muda a sua compreensão em relação à sua
própria missão.
A
proximidade: Missão é anunciar o Evangelho aos pobres - 1Cor 9. Ler pessoalmente anotando
as palavras, frases que nunca havia percebido. Grupos pequenos: partilhar -
chegar a um consenso sobre os traços da ação missionária de Paulo.
Paulo se
apresenta como o modelo de missionário. Ao
recuperarmos a ideia original da missão como: ‘missio dei’ nossa
consciência missionária sofre uma transformação. Do mesmo modo ao olhar para
Paulo à luz da ‘missio dei’, um novo horizonte se abre à nossa frente. Vamos nos deixar iluminar pela
palavra do próprio Apóstolo no seu primeiro escrito.
1Ts 2,1.12 - Missão chamada ao Reino.
Missão é anuncio do
Evangelho de Deus, é convocação a viver conforme o anúncio acolhido, a exemplo
daquele que é o portador da Boa Notícia. Servos/as do anúncio, oferecido na
partilha da vida, que é convocação a serem testemunhas e antecipação do Reino
de Deus. Irmã Tea concluiu sua reflexão dizendo que Paulo começou sua
evangelização pelos últimos. Para ele, o que é fraqueza no mundo, Deus escolheu
para participar da sua grandeza divina. A verdadeira força sempre esteve naquelas
pessoas que sustentam a base. E hoje, onde está a verdadeira força? Não podemos
esquecer, diz a assessora, que devolver a dignidade às pessoas é fazer com que
elas experimentem a ressurreição.
Em Marcos 15,40-41 encontramos os
verbos do discipulado missionário: SEGUIR, SERVIR, SUBIR.
S E G U I R - Colocar os
pés nas pegadas de Jesus de Nazaré;
S E R V I R - Percorrer
as estradas dos povos fazendo desabrochar o Reino;
S U B I R - Humanizar
a vida doando a vida.
Encerramos o curso com a Celebração
Eucarística, presidida por Dom João Justino, bispo auxiliar de Belo Horizonte.
Em sua homilia ele destacou a importância das pessoas se colocarem à disposição
do Espírito Santo de Deus e deixar-se conduzir por ele. “Todos os que são
guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus” Rm 8, 14.
Irmã Maria Aparecida Rosa, sdn