Sejam Bem Vidos!!!

A vida é presente de Deus! Cuidar bem dela é nosso dever. Dar sentido à vida é uma opção que cada pessoa faz. Este blogger apresenta para você oportunidades de conhecer nossa missão.

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

SEMINÁRIO NACIONAL PARA FORMADORAS E FORMADORES CAUCAIA - CEARÁ


22 A 26 DE OUTUBRO DE 2015
TEMA: O ENCONTRO QUE FAZ ARDER OCORAÇÃO
LEMA: ELE OS ALCANÇOU E SE PÔS A CAMINHAR COM ELES (Lc 24,15)


Este Seminário é uma organização da CRB Nacional e reuniu cerca de 150 formadoras/es de várias Regiões do Brasil. Tempo oportuno para que cada pessoa pudesse se dedicar à sua própria  formação pessoal para melhor servir em sua missão de formar novas/os Religiosas/os.
Fomos acolhidas/os pela Irmã Maria Inês, Presidente Nacional da CRB: “Que o Seminário seja para você este momento forte de reabastecimento pessoal que o/a levará, naturalmente, à missão formadora, mais fortalecido e agradecido ao Senhor que o escolheu! Ele não ‘chama os capacitados, mas capacita os escolhidos’”!

Na quinta feira, dia 22, tivemos a assessoria do padre  Shige Nakanose - verbita. Ele trabalhou a questão da formação no contexto da Comunidade do Evangelho de Lucas. Dizia ele: "a formação não pode se dar de maneira isolada como uma ilha, mas inserida na comunidade, na missão.  Forma-se para a missão. Precisamos estar inseridos na realidade, onde Jesus se coloca no meio de nós. A Vida Religiosa Consagrada precisa estar sempre aberta aos irmãos e irmãs que sofrem". Ele ainda dizia que as formandas/os aprendem mais com as nossas “costas”, ou seja, o testemunho. Em sua colocação ficou claro que pelo dom da escuta, este serviço que prestamos no dia  a  dia nas casas de formação, potencializamos o nosso falar e o nosso agir.
Irmã Annette Havenne, Congregação de Santa Maria, nos ajudou com o tema: Experiência Mistagógica na Formação. Deu um enfoque também nas palavras: Liderança, Autoridade e Poder.
Ela dizia que a mistagogia é um modo de acompanhar pessoas com cuidado. Foi assim a pedagogia de Jesus ao formar suas e seus discípulas e discípulos.  O Projeto de Jesus nos convoca a fazermos travessias e não nos acomodarmos em nossa zona de conforto. Dizia a assessora: “A nossa experiência de Deus é um elemento essencial para a formação”, e ainda nos questionou: “sua formação pessoal vem de fora para dentro ou de dentro para fora? Aqui nascem as convicções e elas se transformam em atitudes. Não podemos incutir valores intelectualmente, mas sim, com a própria vida”.

Para Irmã Annette, o lugar onde a formação deve estar inserida, não deve ser entendida somente no sentido de missão exercida como 'modo de fazer um  trabalho', mas no 'modo de fazer cuidado' - parafraseando Boff. Ela deixou claro que o mais importante em uma comunidade de formação inserida, não é tanto o que as pessoas fazem, mas o seu testemunho. Pessoas que juntas vivem o Evangelho de Jesus. Este é o objetivo da formação, pelo nosso testemunho despertar nas jovens e nos jovens o interesse pelos valores da VRC, que os tornam capazes de entregar sua própria vida a serviço do Reino de Deus.
Irmã Annette continua dizendo que a formadora, o formador deverá ser uma pessoa aberta ao diálogo,  atenta aos sinais dos tempos, disposta para acolher a/o jovem e caminhar junto, aprender com elas/eles..., deverá ser uma pessoa APAIXONADA pela VRC.
Acredito que toda formadora e formador deverá ser essa pessoa aberta em primeiro lugar à formação de si mesmo, pois somente quem se deixa formar e entra na dinâmica do processo formativo é capaz de transmitir com seu próprio testemunho e sua própria vida, o valor de formar e deixar-se formar.

Reflexão da Irmã Annette em relação aos conceitos de Liderança, Poder e Autoridade.
Liderançaé a capacidade que uma pessoa tem de animar, envolver outras, ajudando-as a se organizar para alcançar juntas uma meta, realizar um projeto, uma missão comum. A liderança é por natureza, participativa, circular. Ela faz parte do potencial de uma pessoa e pode ser desenvolvida e também, bem ou mal utilizada.
Poder – é a delegação que um grupo confia a uma ou a algumas pessoas, por um tempo determinado, encarregando-as de conduzir o grupo. Esse poder pode ser exercido como um serviço ao grupo ou como um busca de interesses pessoais.
Autoridade – é uma qualidade que emana da pessoa quando ela é coerente, pensa, diz, age e testemunha, exerce a liderança, o poder  de modo autêntico e transparente. É um dom que se cultiva. Não se perde autoridade ao deixar uma função.
Lideramos pessoas; Exercemos poder sobre projetos, coisas, processos; Testemunhamos autoridade por nosso modo de liderar e exercer o poder.

Este seminário contribuiu muito para que nós, formadoras/es pudéssemos  trocar experiências, rever nossas convicções em relação à formação, a metodologia do acompanhamento, a necessidade de nos colocarmos em um processo de formação contínua.
Irmã Maria Aparecida Rosa, sdn

















domingo, 11 de outubro de 2015

“PESOS MORTOS” QUE TRAVAM O SEGUIMENTO




“Mas quando ele ouviu isso, ficou abatido e foi embora cheio de tristeza, porque era muito rico”

A cena do evangelho de hoje ilustra bem como uma “aderência afetiva” (fixação afetiva) a coisas, posses, pessoas, idéias, cargos, status, ídolos, dependências... nos travam e impedem de nos mover com facilidade. Perdemos o “fluxo” da vida, o impulso do movimento, a suavidade do “deslizar pela existência”.
            “Diga-me o tamanho dos seus apegos, e eu lhe direi o tamanho do seu sofrimento”.

 “Seis homens que caminhavam em busca de novas terras depararam-se com um rio caudaloso que lhes impedia avançar em seu caminho. Construíram um barco, prepararam os remos e entraram nele. Remaram juntos, e assim chegaram à outra margem. Desembarcaram para prosseguir o seu caminho, mas como o barco havia sido muito útil, carregaram-no sobre os ombros e seguiram assim penosamente sua peregrinação pela terra seca”.


Levamos “cargas” como essas em nosso interior, e são justamente elas que dificultam nossa caminhada pela vida. Se soubemos construir um barco quando foi preciso, também saberemos construir outro caso volte a se apresentar a situação; enquanto isso é melhor desfazer-nos de cargas incômodas para andar com maior desenvoltura e alegria pela vida.
O medo de perder “algo” no futuro atrapalha viver intensamente o presente. Quantos “pesos mortos” arrastamos em nossa vida, com recordações, lembranças, apegos, afetos desordenados...!
Na perspectiva bíblica, há uma incompatibilidade radical entre a paixão pelas riquezas e a paixão pelo Reino. Ninguém pode servir a dois senhores.
Não é possível amar a Deus, isto é, amar a generosidade, a entrega, a solidariedade, a compaixão, a misericórdia, e ao mesmo tempo amar a riqueza, isto é, amar ou tomar tudo para si, a acumulação que é base de toda injustiça e de todo desamor: fome, violência, exclusão, exploração...
A fidelidade ao Deus único fica interditada e o seguimento de Cristo fica fragilizado.
O apego aos “bens” apresenta-se como uma das tentações mais poderosas para todo seguidor de Jesus.
O dinheiro, os bens, as posses apresentam-se, então, como solo firme sob seus pés; eles provocam o fascínio, a adoração e as identificações mais perniciosas.

No evangelho, o “jovem rico” aproxima-se de Jesus, correndo, movido por uma angustiante inquietação que o devorava  por dentro e lhe pergunta: “Quê devo fazer para ganhar a vida eterna?”
Ajoelhou-se diante do Mestre com respeito, como se visse nele seu último recurso para encontrar resposta à questão que era urgente resolver. Não se dirigia a Jesus como os outros personagens, oprimidos pela enfermidade ou pela pobreza, mas a partir de um mal-estar interior: por quê, apesar de ter tudo e levar uma vida irrepreensível, continuava sentindo-se insatisfeito?
Isto nos causa surpresa, pois tinha tudo o que hoje nos é proposto como meta: juventude, riqueza e status. A vida terrena não lhe preocupava: tinha sua subsistência resolvida; ele perguntava por uma “outra vida”, que lhe desse o sentido e a plenitude que lhe estavam faltando.

O diálogo de Jesus com o jovem rico está marcado por contrastes. O jovem começa com uma pergunta focada no âmbito do “fazer”: “quê devo fazer?”. E a finalidade do “fazer” se formula com o verbo “ter”: “...para ganhar a vida eterna”.
Jesus, no entanto, situa sua resposta em outra dimensão. Primeiro, reconduz o objeto direto do “fazer” a um sujeito com maiúsculas: “Por quê me chamas de bom? Só Deus é Bom”. Logo, não é questão só de “fazer o que é bom”, mas de “ser” como Deus: pura bondade.
O verbo “ter” também se transforma por “entrar” na vida eterna. A vida eterna não se “obtém”; na vida eterna “entra-se”.
Os quatro imperativos que o jovem recebeu como resposta (“vai, vende, dá, segue-me”), lhe desconcertaram: ele explicitara sua inquietação pela vida eterna em termos de posse (“quê devo fazer para ganhar”?), pois até os mandamentos ele os havia cumprido. Mas Jesus o orientou em outra direção: não para a acumulação, a posse ou a herança, mas para a desapropriação, o esvaziamento e a entrega.
Isso era “o que lhe faltava”.

Todos nós somos como o jovem rico no momento em que nos aproximamos de Jesus.
Todos nós carregamos no coração a mesma inquietação do jovem; nele podemos nos reconhecer, sobretudo neste tempo em que nos ronda a insegurança, a obscuridade do horizonte, a dúvida...

É possível viver, desde agora, uma “vida eterna”, transbordante e plena, apesar das limitações do tempo, da fragilidade e da caducidade das relações humanas, para além das gratificações e das buscas de recompensas? Quais são os condicionamentos afetivos que de fato limitam e atrofiam nossa liberdade e que nos desviam da vivência do evangelho?
Estranhas atitudes estas que Jesus propõe, tão contrárias em uma cultura como a nossa que nos apresenta a apropriação e a acumulação como meta da existência. Ele, imperturbável, apresenta sua alternativa: perder, vender, dar, deixar, não armazenar, não entesourar, não reter avidamente, desapropriar-se, esvaziar-se, partilhar...
Eleger a partilha, o despojamento e a simplicidade de vida é a base e condição para poder segui-Lo no trabalho do Reino; barcos, redes ou mesa de negócios devem ser abandonados.
A escolha de uma vida despojada expressa a liberdade para colocar-se a serviço do Reino.
A afeição aos bens, à acumulação, pelo contrário, acarreta o enorme risco de se ficar cego e surdo para atender ao chamado de Jesus.
Estamos em tempo de soltar as ataduras que nos travam e de iniciar, despojados e libres, um caminho novo junto ao Mestre.


Texto bíblico:  Mc. 10,17-30

Na oração:
Temos muitas atitudes, posses, idéias, cargos, posições, bens... que consideramos como Vontade de Deus; na realidade é tudo “projeção” de nossos medos, de nossa insegurança...
* Quê “tesouros” estão travando nossa vida e impedindo-nos de seguir a Cristo mais livremente?  
Quantas projeções!... Quantas transferências!... Às vezes, parece que cada um vive à mercê dos ventos dos seus sentimentos!... Por quê você se dedica a tal pastoral?... O que você procura?... Qual a compensação afetiva que espera?... Qual sua “agenda oculta”? O que espera “ganhar ou perder”?
Suas decisões são tomadas a partir de que parâmetros: prazer? Compensação? Vontade de Deus?...

Padre Adroaldo, Jesuíta