Sejam Bem Vidos!!!

A vida é presente de Deus! Cuidar bem dela é nosso dever. Dar sentido à vida é uma opção que cada pessoa faz. Este blogger apresenta para você oportunidades de conhecer nossa missão.

terça-feira, 19 de abril de 2016

Comunidade de Betânia – Casa que cuida de quem cuida.

     

 ENCONTRO DAS COORDENADORAS DE COMUNIDADES SACRAMENTINAS
Casa Central - 16 de abril de 2016

Comunidade de Betânia – Casa que cuida de quem cuida.

Música:  Coisas boas da vida... de Paula Santisteban e Eduardo Bologna.

1. Eu descobri que as coisas boas da vida são de graça,/ não custam nada./ Eu descobri que o mundo inteiro pode ser o meu jardim,/ a minha casa, o teu abraço, não custa nada./ Um beijo seu, não custa nada.
2. A boa ideia, não custa nada./ Missão cumprida, não custa nada./E quando tudo parecer que está perdido dê uma boa gargalhada.
3. Eu descobri que as coisas boas da vida são de graça não custam nada./ Eu descobri que o mundo inteiro pode ser o meu quintal,/ a minha casa, o pôr-do-sol, não custa nada.
 4. A brincadeira, não custa nada./Um gol de placa, não custa nada. /Vento no                                       rosto, não custa nada./ E quando tudo parecer que está perdido dê uma boa gargalhada./ Ah… ah… ah…/ Huuu, huuu, huuu, huuu…
5. A flor do campo, não custa nada./ Onda no mar, não custa nada./ A poesia, não custa nada./ A nossa história, não custa nada./ Fruta no pé, não custa nada./ Água da fonte, não custa nada./ Banho de sol, não custa nada./ Um bom amigo, não custa nada.
6. E quando tudo parecer que está perdido dê uma boa gargalhada./ Ah… ah… ah…/ Eu descobri que as coisas boas da vida são de graça, não custam nada./ Eu descobri que as coisas boas da vida são de graça, não custam nada.
7. Eu descobri que as coisas boas da vida são de graça, não custam nada./ Eu descobri que as coisas boas da vida são de graça, não custam nada, não custam nada.




A Comunidade de Betânia – lugar da amizade, da escuta, do amor, da chegada de Deus - lugar das memórias afetivas – A casa que cuida de quem cuida – vai servir para nós hoje de referência, no cuidado de nós mesmas, para assim, bem cuidarmos de nossa Comunidade.
Jesus cuidava e buscava estar com quem podia cuidar dele – A Comunidade de    Betânia oferece a Jesus este conforto.  Lá estavam as amigas, o amigo:
Marta – Fortalecia o corpo de Jesus, com o afeto da acolhida e com o sabor dos alimentos prediletos. Preparava a comida que Ele mais gostava...
Maria – A que o escutava com o coração de mulher – espaço onde ele podia falar de sua missão, das dificuldades, conflitos, aprendizagem, alegrias...
Lázaro – O amigo homem, que o compreendia como homem, com quem Jesus, certamente, falava dos seus sentimentos de homem, daquilo que o desafiava na missão...

Marta, retrato da irmã mais velha: cuidadosa, cheia de iniciativas, livre, atenta, apressada.
Betânia em hebraico significa “Casa das tâmaras”.
A tamareira para o povo da bíblia era a Árvore da Vida, com seus frutos doces assegurava água e comida para as pessoas que tinham que caminhar pelo deserto.
Betânia é a casa da Árvore da Vida, do projeto de Deus, da vida vivida em comunidade de iguais.
Na casa de Marta – Jesus costumava descansar, ser acolhido e amado.
Betânia era a comunidade do discipulado das pessoas amadas por Jesus, onde vivia-se a terna igualdade no seguimento de Jesus.
       Neste momento, somos convidadas a fazer parte da Comunidade de Betânia.
Tomar a mesma fala de Marta “Senhor, não te importas que minha irmã me deixe sozinha com todo o serviço? Manda que ela venha ajudar-me!” e Jesus responde: Marta, Marta! “Você se preocupa e anda agitada com muitas coisas...”. (Lc 10,40-41)
O que nos preocupa e nos deixa agitadas ou ansiosas, no dia-a-dia da Comunidade?


Música: Aconchego - Padre Zezinho

1. Minha casa é uma casa pequenina/ Cabem cinco mas abriga muito mais/ Nas janelas tem um jogo de cortinas/ Que tremulam qual bandeira pela paz
2. Duas mesas um sofá quatro cadeiras/ Quase tudo a gente tem que repartir/ As cadeiras o sofá o pão e o vinho/ As lembranças as tristezas e o sorrir (2x)
2. Minha casa tem calor, tem harmonia/ Cabem cinco mas abriga muito mais/ Nas paredes tem Jesus e tem Maria/ Que nos lembram que é melhor viver em paz
3. Quando, às vezes, vai nascendo uma barreira/ E um de nós esquece a hora do perdão/Um sorriso e uma inocente brincadeira/ Faz a gente remoçar o coração (2 x)
4. Minha casa fica perto de outras casas/E na rua brincam trinta ou cem crianças/Na varanda, meus compadres e comadres/
Tiram prosa repartindo as esperanças
5. Duas mesas um sofá quatro cadeiras/Quem tem tanto, quase sempre tem demais/Um empresta, o outro aluga a vida inteira/E assim a gente vai vivendo em paz (2x).
6. Meu Senhor do céu/ Que às aves deste um ninho/ Onde sempre elas abrigam seis ou mais/ Eu sou pobre, mas sou como os passarinhos/ Tenho casa onde a gente vive em paz
7. Mas conheço quem também não tendo nada/ Não consegue já não sabe mais lutar/Passa a vida sob as pontes e calçadas/Ou nem come só pra ter onde morar (2)

Lázaro, o irmão doente e que nada fala. Com a doença e a morte do irmão, Marta e Maria experimentaram a ausência de Jesus.
Cheira mal... Texto - “Senhor, já está cheirando mal. Faz quatro dias”. (Jo 11,39b)
Falar sobre as doenças da Comunidade, as queixas diárias, os descontentamentos, as desesperanças... O que tem cheirado mal nas relações...?

Maria: presença acolhedora, olhar atento, ouvido aberto, coração livre, mulher da espera.
            Existem cheiros que são preciosos e especiais. Quando esses cheiros viajam pelo ar e encontram nosso nariz, muitas emoções tomam conta do nosso corpo.
            Existem cheiros que consolam – cheiros que fazem sorrir – cheiros que devolvem a alegria e esperança e cheiros que ressuscitam corpos entristecidos e cansados.
            Betânia, casa da acolhida e do amor – o lugar do discipulado de iguais, o espaço do amor serviço.
            “Então Maria levou quase meio litro de perfume de nardo puro e muito caro. Ungiu com ele os pés de Jesus e os enxugou com seus cabelos. A casa inteira se encheu com o perfume.” (Jo 12,3)
            O gesto de Maria é pleno, amplo e generoso. É muito perfume, dos mais preciosos.     Na farmacologia antiga, o balsamo de nardo era remédio precioso para curar qualquer tipo de tristeza. O nardo era usado para dar coragem às pessoas que tinham que enfrentar momentos difíceis e vencer o medo.
Maria sabe lidar com as situações cotidianas com serenidade... Deixa a casa inteira perfumada. A casa de Maria é o lugar da escuta, da amizade, da busca de compreensão da realidade das Irmãs...
Percebemos a presença destes valores na vida de nossa Comunidade?

Encontrando com Jesus
Jesus, a chave para a gente se compreender e compreender a outra...
Jesus, o ponto de equilíbrio das nossas relações...
Jesus, a nossa fonte no exercício da autoridade...
Jesus o rosto da misericórdia do Pai...
Na Comunidade de Betânia a centralidade é Jesus. Ele era o amigo, o porto seguro daquelas irmãs. Nenhuma outra pessoa ali presente preenchia o vazio que sentiam. Jesus exerceu sua liderança, junto aquela família, de uma forma muito terna e firme.
A vida, em Jesus Cristo Ressuscitado, tem sempre a última palavra! Uma vida de relações comunitárias, solidárias, acolhedoras, traz no meio da noite escura, a alvorada do Reino de Deus!
Foi no jardim, no tempo do alvorecer, quando a noite estava deixando de ser noite, e o dia ainda não era dia, que aconteceu o mistério.
Do espaço do sonho e da beleza que deu origem à primeira humanidade, veio o anúncio da Nova Humanidade, do Cristo, do Ressuscitado.


A amante, a sábia, a guerreira, a feiticeira - uma poética ecofeminista do Novo testamento de Maria Soave - organizado por Irmã Solange Pereira Barros, sdn.


segunda-feira, 4 de abril de 2016

RESSURREIÇÃO: o fracasso como possibilidade de um salto vital

“Sairam e entraram no barco, mas não pescaram nada naquela noite” (Jo 21,3)
“Simão Pedro, ouvindo dizer que era o Senhor, vestiu sua roupa e atirou-se ao mar” (Jo 21,7)

Os discípulos, depois da morte de Jesus, voltaram de Jerusalém à Galileia, onde tentaram retornar à normalidade da vida. Para eles, a história de Jesus tinha acabado. O seguimento desembocara no fracasso.
Estava na hora de retomar a vida que levavam antes de conhecer Jesus.
Simão Pedro anuncia que vai voltar a fazer o que sempre fazia: pescar. Os discípulos que o acompanham estavam ansiosos para participar da pesca. Voltar a pescar vai fazê-los esquecer o que lhes aconteceu.
Mas não funciona. Por mais que tentem voltar a uma vida normal, as coisas não dão certo.
Sentem-se frustrados diante do esforço e das diversas tentativas, mas não pescam nada.

As pessoas que passaram por um grande trauma entendem o que Simão Pedro e os discípulos sentem.
Querem afastar-se o mais depressa possível da dor que suportaram e dos horrores que presenciaram. Tentam juntar os cacos de suas vidas e se entregar ao jeito comum de fazer as coisas. Querem esquecer o que lhes aconteceu e se deixar conduzir pelas rotinas bem conhecidas da vida cotidiana.
Mas as repercussões da dor e do trauma continuam a martelar em suas vidas, atormentando-os durante o dia e perseguindo-os à noite. Coisas comuns provocam lembranças de um passado ainda doloroso.
Passam a noite inteira se esforçando cada vez mais, porém sem sucesso. As redes estão vazias.
O barco no mar de Tiberíades pode não estar carregado de peixes, mas os discípulos levam consigo os pesados fardos de seu passado. Livrar-se desses fardos é uma experiência longa e difícil.
Nasce o dia. Um “estranho” aparece na praia e pergunta-lhes a respeito da pesca. Diante da resposta negativa Jesus pede para lançar a rede do “outro lado”  do barco.
Em seus esforços estéreis para escapar do passado e reiniciar uma vida comum, os discípulos tinham pescado, quase obsessivamente, no mesmo lugar e do mesmo modo. Repetição compulsiva do passado.
Buscam, através da pesca repetitiva, a libertação do trauma, mas não a encontram ali.
A indicação do estranho para que procurem pescar em outro lugar ajuda-os a romper o ciclo da obsessão.
De repente, os olhos do “discípulo amado” se abrem e ele reconhece quem é o estranho. Esse olhar contemplativo contagia e todos se libertam da obsessão cega de encontrar, no retorno ao passado, o alívio para suas angústias: conseguem reconhecer quem estava na praia.
No meio do fracasso revela-se a presença do Ressuscitado.
E é Ele que, num gesto de hospitalidade, prepara a refeição, na praia, para os seus discípulos.

Os êxitos e os fracassos tecem a trama da nossa existência. Ambos são inerentes à natureza humana; eles se sucedem em muitos momentos ao longo do ciclo da vida; outras vezes se combinam e aparecem juntos.
Êxitos e fracassos expressam nossa potencialidade e nossa limitação, nossa grandeza e nossa fragilidade; formam parte da engrenagem do viver.
Decidimos que uma ação é um êxito ou um fracasso em função de nosso sistema de crenças, valores e exigências. Falamos de fracasso quando nossas expectativas, projetos ou aspirações não chegam a realizar-se ou a cumprir-se como esperávamos; falamos de êxito quando chegamos a cumprir nossos projetos segundo nossas expectativas.
Êxitos e fracassos são como que balizas em um caminho que podem contribuir para que a vida seja vivida em plenitude; os êxitos enquanto que motivam, inspiram, alentam e reafirmam o sentido que uma pessoa atribui à sua existência, às suas opções e aos seus atos; os fracassos, quando se convertem em ocasião para retificar, refletir ou mergulhar mais profundamente na busca desse mesmo sentido.
O êxito e o fracasso possuem essa qualidade de crisol no qual se forjam as vidas e as pessoas.
A vida é constituída de momentos de luta e de coragem, de sonhos e de esperança, de vitória e de derrota. Este é o material com o qual são construídas as histórias e as vidas.

Nossas experiências de êxito e de fracasso são indispensáveis para viver. As primeiras trazem valor, alimentam a confiança em nós mesmos, recompensam nosso esforço. As segundas nos revelam aspectos novos de nossa pessoa, nos ajudam a recapacitar, a mudar, a redirecionar  o sentido de nossa existência. Tão importante é dialogar e conviver com nossos êxitos como com nossos fracassos.
Êxito e fracasso constituem uma dessas realidades humanas que parecem estar abertas e revelar o melhor e o pior do ser humano. Há aqueles a quem o êxito os transforma em pessoas prepotente, soberbas, insuportáveis; há outros, no entanto, a quem o êxito os transforma em pessoas encantadoras, seguras de si, simpáticas, empreendedoras...
Existem também pessoas a quem o fracasso as afunda num abismo de impotência e agressividade, e outras a quem as converte  em seres incrivelmente sensíveis, compassivos, humildes, resistentes...

Em um horizonte de sentido, o fracasso tem seu lugar.
Ele tende a nos deprimir, mas também pode ser uma ocasião para nos fazer mais humanos e humildes. Ele pode ser percebido como chance para crescimento ou amadurecimento, pode ser integrado à luz de outras experiências positivas. O fracasso pode ser ocasião para ativar outras potencialidades internas. Aprendemos mais pelos nossos fracassos do que pelos nossos êxitos.
Segundo C. Jung, o maior inimigo da transformação é uma vida bem sucedida.
O fracasso, que em muitas ocasiões nos provoca medo, insegurança, mal-estar... é um espaço perfeitamente adequado para iniciar o movimento para uma maior maturação.
Mais ainda, muitas vezes são os fracassos que nos levam a iniciar uma mudança em nossas vidas, eles se revelam como uma ocasião privilegiada para um “salto vital” em direção a um horizonte maior de sentido para a própria existência.
Os fracassos nos revelam aspectos novos de nós mesmos e ajudam a nos conhecer mais.
“Há coisas que não se compreendem enquanto não se esteja definitivamente derrotado” (Péguy)
A experiência dos fracassos nos une a todos, nos iguala, é fonte de comunhão... Graças a eles vamos quebrando, pouco a pouco, nosso instinto de posse, nosso auto-centramento, nossa soberba...

O fracasso não é a última palavra; a última palavra é a Ressurreição.
O Ressuscitado que se revela presente nas “praias de nossa vida”, também nos espera nos fracassos, assim como esperou seus discípulos na pesca fracassada, com uma presença acolhedora, compassiva,  facilitadora de uma refeição simples, carregada de amizade e humanidade.
Tais fracassos, re-vividos à luz da Ressurreição misericordiosa, nos fazem mais humanos, mais agradecidos, mais confiados... e despertam um novo dinamismo e uma nova criatividade diante dos desafios da vida; é aqui que somos chamados a comprovar a nossa fidelidade, a ver o que trazemos nas entranhas e no coração.
Através dos fracassos reconhecemos que só o Ressuscitado é capaz de reconstruir relações quebradas e nos lançar a uma nova missão: “Apascenta minhas ovelhas”.
Texto bíblico:  Jo 21,1-19
Na oração: A experiência da Ressurreição não é algo reduzido a momentos particulares da vida.
A Ressurreição e o Ressuscitado são realidades chamadas a iluminar e dar sentido à nossa vida inteira. Aqueles momentos agradáveis e aqueles momentos de desilusão; aqueles momentos plenificantes e aqueles nos quais tudo parece carecer de sentido; aqueles momentos de lucidez e aqueles momentos onde a obscuridade prevalece.
- Como você reage diante dos seus fracassos? Percebe neles uma ocasião privilegiada para um salto vital?
Padre Adroaldo, Jesuíta