Nossa vida é um dom precioso que
Deus nos deu. E para bem desenvolver este dom, é preciso vencer o
individualismo, permitindo que haja diálogo, abertura, entrosamento,
participação na vida de outras pessoas e, aos
poucos, este dom vai se aperfeiçoando.
Este processo de reconhecimento e
valorização da vida como dom exige de nós uma atitude de despojamento. Desde a
infância, desenvolvemos uma tendência ao apego aos brinquedos, lugares, pessoas... Quando se trata de filha/o única/o, parece que esta tendência tende a ser mais acentuada, pois
a criança vai crescendo sem aprender a partilhar seus brinquedos com
outra criança. Ela entende que tudo e todas as atenções são para ela.
Se durante o
desenvolvimento, esta criança não for orientada para a integração com o outro, vai se
tornando uma pessoa
adulta com dificuldade de trabalhar em grupo, de
respeitar o outro, de lidar com os limites,
com as frustrações etc.
Na vida familiar como também na vida
religiosa consagrada, deparamos com este tipo de pessoa que têm dificuldade de
se entregar por inteira ao outro ou a uma causa. Vive constantemente insegura,
está sempre desconfiada e ameaçada pelos outros.
Tratando-se da vida religiosa
consagrada, que tem a vida comunitária como um dos elementos básicos para
desenvolver sua missão, é de grande importância que seus membros desenvolvam a
arte do despojamento. O apego a objetos, idéias, lugares, pessoas etc nos
aprisiona e ainda nos tira a alegria, a liberdade, a capacidade criativa,
tornamo-nos pessoas impacientes e agressivas. E assim, sufocamos o dom precioso que recebemos da pura
gratuidade de Deus.
“A
pessoa madura não é alguém que basta a si mesmo, fechado em sua
auto-suficiência. Ela reconhece que precisa dos outros, confia em quem está
perto a ponto de estar disposta a colocar a sua vida nas mãos de um Outro e a
se deixar limitar até pela fraqueza dos demais”. (Cencine).
A vida religiosa consagrada nos
convida a transcender-nos em nossas atitudes desenvolvendo nossos talentos. O ciúme, a inveja, a
falta de diálogo, o individualismo, a falta de amor e respeito, são
dificuldades com as quais nos deparamos em
nossa caminhada de vida consagrada. Elas, porém,
não devem ser para nós empecilhos que nos separam do amor de Deus e do
compromisso com os irmãos, sobretudo os mais necessitados, mas sim, sinais que
nos apontam em que precisamos melhorar em vista de um bom desempenho para a
missão.
Mesmo tendo
consciência de que fazemos parte de uma sociedade que incentiva ao
máximo de prazer e ao mínimo de sacrifício, não podemos negar que a nossa vida,
dom de Deus, seja vivida em meio aos vários desafios: a insegurança, a
instabilidade econômica e política, o desemprego, a violência, o relativismo...
Mas, nem por isso podemos desanimar em nossa caminhada de fé, quando sofremos
por uma Causa maior.
A grande arte de viver bem não está
somente em uma vida romântica, sem chateações, desencontros, tristezas, mas
também no sacrifício que fazemos para conviver de forma equilibrada com os
fracassos, e sucessos presentes em nossa vida, como também nas pessoas que
fazem parte da mesma comunidade, pois, a vida se tece de encantos e
desencantos. Só nos sentimos realizadas/os no convívio com os outros. “Não existe amor maior do que dar a vida
pelos amigos” (Jo 15,13).
Irmã Maria Aparecida Rosa - sdn
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