Do dia 1º a 04 de maio de 2014, as Irmãs Sacramentinas de
Nossa Senhora, estiveram reunidas na Casa Central, em Belo Horizonte, MG, para
o Encontro de Formação Continuada.
O Encontro foi marcado por vários momentos: lazer, dinâmicas,
reflexões, momentos orantes e o prazer de nos encontrarmos, pois, éramos um
grupo de 48 Irmãs vindo dos seguintes lugares: Alvarães, AM; Angola, África;
Belo Horizonte, Boa Esperança, Manhumirim, Patos de Minas, MG; Cachoeiro de
Itapemirim, ES; Goiânia, GO; Niterói, e Rio das Ostras, RJ.
Neste Encontro, dedicamos um tempo para rever e rezar a nossa
missão. E outro, para refletir sobre a nossa vivência comunitária, tendo como
horizonte inspirador o nosso compromisso de Cultivar o verdadeiro sentido da
comunidade religiosa – “lugar teológico” que revela Deus-comunhão ao mundo,
exercitando relações evangélicas irmãs, circulares e inclusivas.
Entre tantas reflexões e provocações, Irmã Solange Pereira
Barros - sdn nos ajudou com o tema: VIDA COMUNITÁRIA – O COTIDIANO PESSOAL E
COMUNITÁRIO.
De início propôs esta questão: o que compõe o seu COTIDIANO?
Aprofundando entendemos que o cotidiano é marcado pela seqüência
de ações que exigem flexibilidade, paciência, prontidão e atenção ao outro e a
mim. A rotina do cotidiano, precisa de profundidade, autenticidade,
criatividade, leveza. Não é tanto a quantidade de vezes que nos encontramos,
mas a qualidade e o sentido que se dá aos momentos comunitários. Que seja um,
mas que todas estejam juntas, porque encontraram no cotidiano esse espaço.
Comunidade lugar da vida partilhada
O melhor modo de ser comunidade é entrar na sua vida
cotidiana com tudo o que isso implica de trabalho, disponibilidade e
acolhimento. Esta vida é marcada por um número de pequenos gestos que
expressam: fidelidade, ternura, humildade, perdão, delicadeza, serviço
desinteressado.
A partilha de nossas fraquezas e dificuldades é um estímulo
maior para os outros do que somente a partilha dos nossos sucessos. Em
comunidade, corremos sempre o risco de pensarmos que os outros fazem melhor ou,
que não tem as mesmas lutas que eu.
Quando descobrimos que estamos todas no mesmo barco e temos
os mesmos medos, temos cansaços, isto nos ajuda a continuar acreditando que a
dificuldade e a possibilidade de crescimento que há em mim, há na outra também.
Comunidade - lugar da
complexidade
Toda comunidade é composta de realidades complexas. Nela há
gente de todo tipo e temperamentos diferentes. Há pessoas organizadas, de
rápido raciocínio, objetivas, eficazes; há outras que são vagarosas, sensíveis,
emotivas, lentas no agir, mais voltadas para contatos pessoais. E ainda, tem as
pessoas tímidas, depressivas, pessimistas, e as que são extrovertidas,
otimistas e festivas. Ou seja, na comunidade existe um pouco de tudo. Esta
variedade humana constitui sua riqueza e, ao mesmo tempo, seu desafio
comunitário.
Tensões, desentendimentos e choques entre as pessoas, fazem
parte da vida de uma comunidade. As tensões revelam que a comunidade é uma
realidade bem humana. Para transformá-la em fraternidade cristã, os membros
precisam continuamente de conversão.
Estar aberta à ação transformadora do Espírito Santo é a
condição básica para reencontrar os caminhos do Senhor na convivência de
consagradas. As tensões podem ser de fato, momentos de crescimento e de
aprofundamento comunitário. As pedras no caminho não serão necessariamente
obstáculos; podem servir de fundamento para a construção de nossa casa.
Uma dica valiosa: “Devemos aprender a “DESDRAMATIZAR” a convivência.
Saber rir de si mesma, saber colocar os conflitos em sua justa proporção, em
uma visão de fé e não de emotividade. Uma comunidade de consagradas será sempre
“um Projeto Evangélico em Construção”, simultaneamente “dom de Deus” e “tarefa
humana”. Nela nada de humano estará ausente, mas é o Espírito que animará por
dentro” (Frater Henrique Matos).
A vida comunitária e as
influências externas
No mundo em que vivemos inúmeros problemas, afloram e se
multiplicam a cada momento:
O ativismo, individualismo, comodismo, competição, fechamento, falta de compromisso, de generosidade, a crise no relacionamento, a fuga da vida fraterna e da oração, tudo isso, gera conseqüências sérias para a vivência fraterna.
O ativismo, individualismo, comodismo, competição, fechamento, falta de compromisso, de generosidade, a crise no relacionamento, a fuga da vida fraterna e da oração, tudo isso, gera conseqüências sérias para a vivência fraterna.
Torna-se comum a perda de referência dos valores, a
dificuldade de lidar com os próprios limites, a tendência à facilidade, à
comodidade e, em meio a tudo isso, a fidelidade se revela como algo pesado
demais, às vezes até insuportável. Estamos nós, Irmãs Sacramentinas de Nossa
Senhora, imune a tudo isso? É evidente que não!
Com freqüência corremos o risco de perdemos o ardor. Caindo na
rotina dos atos comunitários, praticando uma oração formal e vazia; entregando-nos
à correria das atividades, aos compromissos de trabalho e faculdade, nos esvaziamos,
nos fragmentamos. Perdendo o contato com a Fonte da Vida, afastando o nosso
olhar d’Aquele que é o sentido das nossas atividades e compromissos, reduzindo
nosso tempo junto a Jesus; não estaríamos nós, abandonando o Amor
Primeiro?!
Quando o Amor Primeiro deixa de ser nutrido, a vida se torna
pesada, os relacionamentos interpessoais, que deveriam ser marcados pela
ternura e gratuidade, ficam duros, cheios de cobranças e acusações. E isso
desfigura a comunidade e a nossa vida murcha. A nossa presença de consagradas
perde o valor e a atração. É ai que precisamos retomar o caminho, reacender a
chama e redescobrir o encanto de nossa vida em suas várias faces. Precisamos
parar; aquietar-nos e novamente voltar o nosso olhar enamorado para JESUS a
quem decidimos seguir e entregar a nossa vida. Aquele que nos vocaciona todos
os dias a viver em Comunidade.
Bibliografia principal: Vida
Religiosa um Projeto em Construção (Henrique Cristiano José Matos); Viver em Comunidade para a Missão - (José Lisboa Moreira de Oliveira).
Por tudo que foi vivenciado nestes dias, demos graças a Deus!
Nas reflexões, orações, partilhas, provocações..., sentimos que o Ressuscitado
caminha conosco!
Organizadora do texto -
Irmã Maria Aparecida Rosa - sdn
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