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quinta-feira, 9 de novembro de 2017

A CONVERSÃO ECOLÓGICA NAS NOVAS GERAÇÕES E EM TODAS AS OUTRAS



O caminho a percorrer - II parte do texto do  Pe. Sergio Montes, sj
Tradução: Irmão Lauro Daros

Uma conversão ecológica integral parece ser o caminho que acompanha os processos e ações a favor do cuidado da “Casa Comum”. Tal como deseja o Papa, são necessários diálogos que se traduzam em políticas, linhas de ação concretas e eficazes, assim como uma nova consciência ecológica (LS 162ss). Além disso, precisa-se de uma educação e espiritualidade ecológicas, porque “muitas coisas têm de reorientar seu rumo, porém, antes de tudo, a humanidade necessita mudar. Faz falta a consciência de uma origem comum, de uma pertença mútua e de um futuro partilhado por todos” (LS 202).
Neste sentido, urge uma mudança de estilo de vida atual da humanidade, em geral, já que determinadas práticas, convicções e critérios são a causa de uma forma tóxica de viver para a criação em seu conjunto, e a responsabilidade primeira e última é da humanidade.
Em linhas gerais, propõe-se uma conversão ecológica integral, principalmente aos que creem no Deus da Vida “que implica deixar brotar todas as consequências do encontro com Jesus Cristo nas relações com o mundo que nos rodeia. Viver a vocação de ser protetores da obra de Deus é parte essencial de uma existência virtuosa, que não consiste em algo opcional, nem em um aspecto secundário da experiência cotidiana (LS 217).
Tal como o anúncio do Reino de Deus, que germina e se desdobra na história, a necessária conversão ecológica integral se expressa nos pequenos gestos que diariamente e a partir de uma profunda consciência ecológica se podem realizar. Claro que importam as grandes políticas, o redesenho do sistema político e econômico, a reconfiguração das relações danificadas; como também importam as simples ações de cada pessoa no cuidado e na relação com a natureza, com as irmãs e os irmãos e consigo mesma. Sem plantar o gérmen, será impossível pensar em uma transformação efetiva e esperar frutos.
As ações simples, como cuidar e controlar o consumo de água, a diminuição do consumo de energias, a geração e uso de outras fontes alternativas de energia limpa (solar, eólica), a não-contaminação visual e acústica, a simples e certa austeridade do consumo de bens, estilos de vida, uso da tecnologia, entre vários outros, podem ajudar a fazer a diferença, no sentido de que há uma relação direta entre a produção e o consumo que, em determinados âmbitos, resulta asfixiante e é o que ocasiona a deteriorização do Planeta.
A responsabilidade é de todos, seguramente, porém a consciência ecológica é um elemento que vai de mãos dadas com novas sensibilidades e conjunto de relações que são próprias das Novas Gerações. Não sem certa dose de ambiguidade, nas últimas décadas, a preocupação ecológica (parcial ou integral) tem se desdobrado em países de primeiro e terceiro mundo. De algum modo, a preocupação ecológica está presente em diversos âmbitos e grupos e vai alinhada com o questionamento do modelo econômico imperante.

As Novas Gerações são herdeiras do que a humanidade tem desenvolvido com força no último século, e de algum modo são portadoras do positivo e do negativo da crise ecológica. Por um lado, são maiores consumidoras de tecnologia e, por outro, se desdobram em campanhas de cuidado e conservação do meio ambiente, carinho e cuidado para com os animais e o consumo de alimentos saudáveis. Em outras palavras, é necessário que as Novas Gerações assumam a consciência de que alguns comportamentos estão reforçando a sobrevivência de sistemas culturais, econômicos e políticos que provocam a destruição da natureza para grande benefício de uns e a miséria de muitos. Por outro lado, vão desenvolvendo uma sensibilidade muito atenta às necessidades da natureza e são capazes de se comprometer voluntariamente em campanhas, organizações e grupos que apostam em alternativas contra a deteriorização e contaminação do meio ambiente, mesmo quando o impacto global pareça pouco significativo. É impensável e impossível crer que o desafio da conversão ecológica corresponde a determinadas gerações, mas é uma responsabilidade da humanidade em seu conjunto, de acordo com as possibilidades de cada geração. No entanto, o que cada geração herda à outra é de sua responsabilidade, no bom e no mau, e deve poder ajudar a melhorar o que causa dano à “Casa Comum”.
As Novas Gerações na VRC teriam de se tornar consciência permanente, para as outras gerações e para o mundo em geral, da importância de traduzir nossa fé no Deus Criador em formas práticas de cuidado e proteção do meio ambiente. Crer em Deus é crer na bondade e beleza de todo o criado e, portanto, ter a obrigação de cultivá-lo e cuidar dele. Sem a lucidez das Novas Gerações na VRC para chamar a atenção sobre o dano estrutural, para caminhar realizando ações concretas de mudança e transformação de nosso comportamento e pensamento anti-ecológico, o futuro das próximas gerações deste século estará obscuro e sem possibilidade de recuperação.

Um estilo de vida próximo dos pobres, marginalizados e explorados é fundamental para desenvolver esta consciência ecológica e viver a autêntica misericórdia. Tocar, ver, cheirar, assim como acompanhar, ajudar e apoiar as pessoas mais pobres que sofrem devido ao sistema injusto é a chave real para a conversão integral.
Somente sentindo a dor que sofrem milhões de pessoas, dia a dia, pela imposição de um modelo econômico que privilegia o ter sobre o ser e que cria desigualdade brutal, será possível uma autêntica conversão. Novamente podemos dizer que os pobres nos evangelizam, pois nos põem em contato direto com a realidade de sofrimento e dor do mundo inteiro. Sentir com os pobres do mundo é o melhor caminho para se comprometer com o cuidado integral de toda a criação.

Fonte: Revista CLAR. CONVERSÃO ECOLÓGICA. Bogotá: Editorial Kimpres.  Ano LIV – Número 4/ Outubro – Dezembro, 2016, p. 75-83.



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