No sábado, Irmã Creuza trabalhou o
tema: A Formação do Povo de Deus. No domingo, pela manhã, o Padre Heleno
Raimundo, sdn, apresentou alguns aspectos importantes da vida do nosso
Fundador, Padre Júlio Maria De Lombaerde, e deu esclarecimentos sobre o
Processo de Beatificação do Padre Júlio, que já se encontra em andamento.
A
seguir uma pequena síntese do estudo bíblico.
Algumas observações ao fazer uma leitura
Bíblica: o principal critério para interpretação da leitura da Bíblia é a Pessoa
de Jesus Cristo. O ponto central de sua missão é a defesa da vida em qualquer
situação em que ela se encontra. Os Evangelhos nos mostram claramente essa
atitude de Jesus: Mc 3,1-6; Mt 25,31- 46;
Jo 10,10, Lc 10, 25-37.
A
Bíblia, tanto o Primeiro como o Segundo
Testamento, foi transmitida de boca em boca, se espalhou nos grupos existentes
e em lugares diferentes, foi celebrada e só depois, às vezes de um longo tempo,
foi escrita. Exemplo: a história de Abraão como está na Bíblia. Abraão viveu + ou – 1.750 anos a.C. O
início da redação de Gênesis se deu entre 950 anos a.C., e a conclusão final do livro entre 400
anos a.C., depois do Exílio da
Babilônia. O Exílio aconteceu entre 586 a 539 a.C.
Outra diferença é que no Primeiro
Testamento os escritos são considerados “livros”. O Primeiro Testamento foi
escrito na sua maioria em hebraico e partes em aramaico. Os livros escritos em
grego são: Tobias, Judite, 1 e 2 Macabeus, Sabedoria, Eclesiástico e Baruc. No Segundo
Testamento, a maioria é considerada “cartas”; também “bilhetes” como Filemon e
Judas. Dos 27 livros, 21 são cartas. A
língua escrita é o grego.
Não podemos ler nenhum texto bíblico ao “pé
da letra” como dizem. É necessário verificar onde foi escrito, em que contexto,
quando, quem escreveu e o que queriam dizer, etc.
Onde viveu o Povo da Bíblia e os vários
nomes de sua terra no decorrer da história:
Nos meados de 1250 a.C., era chamada de Canaã.
Ali viviam os cananeus. Com os surgimento das tribos, passou a ser chamada de Terra
de Israel ou Terra Santa. No
tempo de Jesus os Romanos, passaram a
chamar toda a região de Palestina. E as províncias mais lembradas no Segundo Testamento são: Judéia ao
sul, Samaria ao centro e Galileia ao norte.
Está
situada entre dois grandes sistemas fluviais: Rio Nilo no Egito e os Rios Tigre
e Eufrates na Mesopotâmia, hoje é a região do Iraque. Na época anterior a
Israel, em Canaã havia vários pequenos reinos como: cananeus, hititas,
amorreus, fereseus, heveus, jebuseu (Ex 3,8). Esses reinos eram
constituídos por cidade, cercada por uma muralha. Cada conjunto formava um
Estado = “cidades-estado”. Antes da formação do povo de Israel, já havia o
fenômeno: cidade. Nas descobertas arqueológicas, dizem que Jericó já existia há
6.000 anos a.C..
A cidade-estado
era assim constituída: na parte alta ficavam o palácio do rei, o templo, a
classe dominante, gente da elite. Na parte baixa, o mercado, as casas dos
pobres: pequenos comerciantes, artesãos e pessoal de segundo escalão. Ao redor
da cidade moravam os camponeses que cultivavam as terras. Eram desprotegidos, estavam fora
das muralhas. O rei dava certa proteção com soldados, mas exigia em troca
completa submissão. Com seu trabalho e lavoura, esses camponeses sustentavam os
que viviam na parte alta, pagando altos tributos.
Viviam como escravos e numa situação miserável.
Canaã fazia parte do império do Egito e pagava alto tributo ao Faraó.
Existem
três hipóteses na formação do povo de Israel:
1ª Ocupação violenta, organizada por Josué: Os
fundamentalistas fazem essa leitura: ao “pé
da letra”, aderem esta teoria. Se olharmos para os textos do livro de Josué,
veremos que há contradições nas narrações que se referem à conquista da terra:
Js 11,15-17, narra que os reis foram derrotados na conquista da terra; em Js
13,13; 15,63; 16, 10, as tribos se organizam e os reinos continuam existindo.
2ª Ocupação progressiva e pacífica: Essa
hipótese se refere a Abraão e Sara (Gn 12,1-9; 13,1-4). A ocupação foi se dando
num processo lento. Houve infiltração e migração de tribos seminômades de
várias regiões. São os pastores em busca de melhores pastagens. Essa visão não
se refere à formação de Israel como experiência alternativa no contexto das
cidades-estado Cananéia.
3ª Organização dos excluídos: Relata
a união das tribos contra a rebelião de reis de Canaã. Os camponeses e outros
povos excluídos se revoltaram contra os reis cananeus e ocuparam as regiões
montanhosas desocupadas de Canaã. Foram se agrupando junto a eles outros grupos
escravizados. Essa hipótese combina com os dados da Bíblia, segundo as
pesquisas arqueológicas. A Bíblia só relata o êxodo dos hebreus do Egito, mas houve também os de Canaã. Nos relatos da corte
não havia interesse em registrar
memórias subversivas de rebelião popular contra os reis. Como os relatos dos
quilombos. O que se narra da organização e libertação dos negros no Brasil?!
Grupos
que fizeram parte do povo de Israel anterior a 1500 a.C.
Camponeses de Canaã: endividados, empobrecidos, fugindo dos altos
tributos, e do trabalho forçado, da opressão; de serem vendidos como escravo ou mercadoria para
saldar dívidas. (1Sm 25,10). O texto de Js 17, 15, mostra que eles foram para a
montanha. Lá fabricavam cisterna, usando reboco especial para segurar a água no
tempo da seca; e usavam no solo para segurar a plantação, uma técnica “terraço”
ou muros, parecido com o que se usa aqui nos morros de Minas.
Pastores seminômades de Canaã: Os chamados grupos dos Pais e Mães (Abraão, Sara e
Agar; Isaac e Rebeca; Jacó, Raquel e Lia). Eles são os primeiros grupos de
resistência contra as cidades-estado no 2º milênio a.C.. Fugiram para regiões
de estepe (faixa de vegetação pequena). Nessa época ainda não havia recursos do
ferro, para desmatar as florestas e revestir cisternas garantindo água
(filisteus).
Trabalhadores vindos do Egito: 1250 a.C., os textos bíblicos do evento Êxodo
estão em Ex 1-15,1 – 21, e revelam a presença de um Deus libertador. Não narram
história, mais o sentido religioso dos fatos que ao longo do anos estiveram
presentes na história. Os personagens importantes dessa fuga foram Moisés,
Aarão e Míriam. Na libertação da escravidão
do Egito, eles contribuíram na formação das tribos nas montanhas de Canaã.
Antes de Moisés, já havia mulheres hebreias, resistindo ao carrasco Faraó. As mulheres são as primeiras a assumir a
defesa da vida: parteiras, mãe, irmã de Moisés e a própria princesa, filha do Faraó
(Ex 2,1-10).
Bibliografia
•
Uma
introdução à Bíblia, vol. 01. Ildo Bonh Gass (Org.)
•
Uma
introdução à Bíblia vol. 02. Ildo Bohn
Gass (Org.)
•
Bíblia
Sagrada: Ave Maria edição de estudo.
•
Bíblia
Jerusalém
•
Formação
do povo de Deus. Coleção tua Palavra é vida
•
Panorama
bíblico.
•
Fundamentalismo, Religião, Ética e Transformação Social
- Frei Carlos Mesters, carmelita. Mestre em Exegese Bíblica e
Doutor em Teologia Bíblica, co-fundador e assessor do CEBI
Irmã Creuza
Elena da Silva - sdn
Nenhum comentário:
Postar um comentário