A fé
católica é marcada pela oficialidade da Igreja, através de rubricas, normas, valores litúrgicos, riqueza de doutrina,
princípios que garantem unidade e estabilidade.
“A Igreja Católica não pode perder
o caráter oficial como instituição sólida e depositária de um imensurável
potencial, mas a Igreja é também uma realidade que se supera a si mesma quando
se vê presente em diversas expressões religiosas que não se dão dentro de sua
prática sistemática. Chamamos essa realidade de “Religiosidade Popular”-Dom
Eraldo Bispo da Silva- Bispo Diocesano de Patos da Paraíba
“Esta maneira de expressar a fé está presente em diversas formas em todos
os setores sociais, em uma multidão que merece nosso respeito e carinho, porque
sua piedade reflete uma sede de Deus, que somente os pobres e simples podem
conhecer. A religião do povo latino-americano é a expressão da fé católica. Um
catolicismo popular, profundamente inculturado, que contém a dimensão mais
valiosa da cultura latino-americana” (Dap, 258)
Os bispos, reunidos em Aparecida, por
ocasião da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e Caribenho, nos
dias 13 a
31 de maio de 2007, reforçam o respeito que a Igreja deve ter com as expressões
religiosas dos povos do continente, principalmente com aquelas que cantam,
dançam, rezam e exaltam a pessoa de Maria, mãe de Jesus, e os santos ditos
“populares”.
De norte a sul e do leste ao oeste do
nosso país, o povo simples eleva a Deus súplicas e lamentos; ações de graças e
ofertas, através de homenagens singelas aos santos populares e em épocas
específicas, como no tempo do Natal e dos Festejos Juninos.
Revendo a história, confirma-se que
tais práticas foram trazidas e implantadas pelos colonizadores, principalmente
pelos portugueses, espanhóis, franceses, mescladas pelas crenças africanas. É
muito variado esse tecido de crenças e
de expressões místicas que encantam e
alegram todos os tipos de pessoas e classes sociais: congados, folias de reis,
quadrilhas, fogaréu, festa do Divino, festa de Nossa Senhora do Rosário, Círio
de Nazaré, as Pastorinhas e tantas outras mais.
Em junho, há um destaque especial
para os santos celebrados no Mês: Santo
Antonio(13), São João Batista (24) e São Pedro e São Paulo (29). Independente
das liturgias da Igreja Católica relembrando o testemunho de santidade dos santos juninos, o povo também expressa sua fé
simples, espontânea e pura, nas ruas campos e estradas, agradecendo a colheita
farta, reacendendo crenças e superstições, celebrando a vida, provocando a
alegria e a festa. É a sede de Deus que existe no coração de todas as pessoas
que aflora no tempo junino. Quantos fatos miraculosos de Santo Antônio são
relembrados! Fatos talvez jocosos, até. A vida austera de João Batista e a
certeza que São Pedro tem as “chaves” que abrem ou fecham as portas do céu... é ele
também que abre ou fecha as torneiras do céu para chover ou não... tudo relembrado
e celebrado na simplicidade, com fogueiras, fogos, comidas típicas, trajes
caipiras e danças. Expressões populares que provocam e encantam,
alegram e faz com que os “sonhos
de um país mais justo, mais humano e mais ético” subam junto com os balões e
fogos; queima-se a maldade nas fogueiras e o casamento volta a ser o selo das
famílias tão queridas por Deus.
As Festas e Celebrações do mês de
junho são irresistíveis e contribuem para a união das famílias e das várias
classes sociais.
A religiosidade popular vem ao
encontro do imaginário do povo e por isso, a Igreja, na sua sabedoria,
participa, orienta e respeita.
Festa do Divo em Alvarães - AM |
“É verdade que a fé, que se encarnou na cultura, pode ser aprofundada e penetrar, cada vez mais, na forma de viver de nossos povos”... “A piedade popular é imprescindível ponto de partida para conseguir que a fé do povo amadureça e se faça mais fecunda”.(Dap.nº 262).
Como discípulos(as) missionários(as),
celebremos, com o povo, suas expressões de religiosidade e fé e assim estaremos
colaborando para uma convivência sem fronteiras que é o sonho de Deus.
Irmã Marina
Guilhermina de Oliveira- sdn
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