Amanda é uma jovem da Paróquia Santa Cruz, a qual pertencemos
também, é uma das coordenadoras da Pastoral da Juventude. No contato conosco, conheceu o Livro: A Mística do Instante.
Desejou ler esse livro e fez uma síntese. Está compartilhando em nosso blog
apenas uma parte de sua síntese, para não se alongar muito na leitura. Vejamos:
A “Mística do instante” é um livro dividido em duas partes, quais
sejam: “Para uma espiritualidade do tempo presente” e “Para uma Teologia dos
Sentidos”, que é subdividido em: “Tocar o que nos escapa”, “Buscar o infinito
sabor”, “Colher o perfume do instante”, “Escutar
a melodia do presente” e “Olhar a porta entreaberta do instante”.
Imagem da Internet |
Esta escuta, atenta, exige treino, hábito, atitude de permanência. Assim como Samuel (1Sm 3, 1-19), devemos ter uma disposição de coração para escutar o inaudível. Devemos ter o coração aberto para aprender a arte da escuta! “Tudo aquilo que escutamos, mas verdadeiramente tudo, deve ser apenas a preparação para a escuta do que permanece em silêncio”, como nos mostra 1Rs 19, 11-13. A arte da escuta é exercício de resistência e prontidão.
No Evangelho que narra o batismo (Mc 1, 10; Mt 3, 17) e a
transfiguração de Jesus (Mc 9, 7; Mt 17, 5; Lc 9, 35) percebemos a importância
da escuta. O autor afirma que a escuta é a “experiência
que vai arrancar do coração dos discípulos o escândalo da cruz” e que “não há fé que não nasça da escuta, de uma
escuta profunda, de uma escuta até o fim”. E confirma “é necessária uma escuta que torne presente Jesus em todo o seu projeto
e destino”, como aquele que, semelhante a um homem que edificou uma casa
sobre a rocha, escuta sua palavra e a põe em prática (Lc 6, 47-49).
O enraizamento na escuta nos faz compreender que a opção de seguir
Jesus não nos livra do sofrimento, mas nos dá a capacidade de viver este
sofrimento na confiança, sendo obedientes, como o próprio Jesus (Fl 2, 8). “Quem tem ouvidos, ouça!” (Mt, 11, 15).
Essa escuta se dá pelo Espírito Santo que nos habita e se revela no íntimo do
nosso ser por meio do silêncio e despojamento interior. Sejamos como Maria que,
guardava todas as coisas, meditando-as em seu coração (Lc 2, 19). “Portanto, a fé vem daquilo que ouvimos, e o que ouvimos vem por
meio da palavra de Cristo” (Rm 10, 17).
A fé também é uma experiência de exterioridade. O que vemos quando
vemos? Tudo deve ser relevante, nada é insignificante. “Deus habita o detalhe”. Voltamos ao Salmo 139/138: “Javé, tu me sondas e me conheces. Tu
conheces quando me sento e quando me levanto, e discernes de longe meus
pensamentos. Por dispersos que sejam meu caminhar e meu descansar, todos os
meus caminhos te são familiares”.
No olhar de Jesus encontramos a misericórdia e o amor de Deus (Lc
19, 5; 15, 20). “A verdade é que nós não
poderíamos acompanhar se ele não nos estendesse sua mão e nos permitisse um
encontro de intimidade”. Jesus, assim como fez com o cego de Betsaida (Mc
8, 22-26) também pode corrigir o nosso olhar para passarmos a ver com nitidez.
Mas, para isso, precisamos confiar Nele. “Cristo
é o terapeuta do olhar. Estende-nos a ponte para passarmos do ver ao contemplar
e do simples olhar à visão da fé”.
Apuremos, purifiquemos nossos sentidos! A santidade encontra-se no
interior das nossas fraquezas ou tentações, quando diante de momentos difíceis,
transforma instantes em oportunidades. “Ela
não está apenas à nossa espera, quando nós ultrapassarmos a nossa fraqueza, mas
no momento mesmo em que somos fracos e continuamos perto da santidade”.
Este caminho de conversão também é um caminho de aceitação e de reparação. “Precisamos adquirir o colírio, o próprio
Jesus, para recuperar a vista”. Que possamos alcançar a graça de contemplar
a Criação e as criaturas pelos olhos de Deus: “E Deus viu que era bom” (Gn 1).
Amém!
Amanda Dutra de Rezende Antunes
17 de junho de 2020.
MENDONÇA,
José Tolentino. A Mística do Instante: o tempo e a promessa, São Paulo,
Paulinas, 2016.
Parabéns pela reflexão 👏
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