Estudo com a Irmã Ione Buyst,
Monja Beneditina Olivetana, doutora em liturgia.
Irmã
Ione esteve conosco nos dias 19 e 20, p.p., como este tema é muito amplo, ela
centrou seu trabalho de reflexão e experiências, nas Orações Eucarísticas II e
III e no Ofício Divino das Comunidades. Para
ela, a Oração Eucarística mais que oração é uma grande Ação Litúrgica.
Disse a
assessora: a oração eucarística tem uma estrutura com os seguintes elementos: o
diálogo inicial entre quem preside e a assembléia: O Senhor esteja convosco... Corações
ao alto... Demos graças ao Senhor nosso Deus. O prefácio, apresentando os
motivos da ação de graças, terminando com o canto do “Santo...” A epíclese
(invocação do Espírito Santo) sobre o pão e o vinho). Narrativa da instituição.
Anamnese (memorial) e ablação (oferta) A epíclese (invocação do Espírito Santo)
sobre a comunidade. As intercessões a Doxologia e o Amém final. A Oração Eucarística deve ser entendida
e vivida espiritualmente como um todo. Seu
núcleo central é a Ação de Graças dirigida em adoração ao Pai e não a
presença real de Cristo na Eucaristia. Agradecemos ao Pai pelo envio do seu
Filho para nossa salvação.
Enquanto Irmã Ione fazia sua exposição, fiz algumas
anotações e partilho com vocês frases que construí a partir da reflexão dela e
muitas frases dela mesma, e estas poderão ser encontradas nos livros escritos
por ela e em alguns Documentos da Igreja sobre liturgia. Citarei no fim do
texto.
Comungar é se prontificar a continuar a missão de
Jesus. Em nós Ele não é o fim, mas a prontidão para a missão. Estar na fila da
comunhão é anunciar publicamente seu desejo de assumir o mesmo Projeto que
Jesus assumiu.
Irmãs: Maria Lopes (de branco) enviada em missão para Alvarães, AM Sebastiana enviada em missão para Luanda - Angola, África |
A escuta da Palavra, além de fazer memória da
presença de Deus na história de seu povo, ela nos transforma. A
Palavra recebida com fé penetra o coração humano e, provoca atitudes de
conversão. Ela vai aos pouco nos transformando. Assim, a presença de Cristo nos transforma,
pois Ele está presente tanto na Palavra quanto na Eucaristia.
Aclamação memorial – Eucaristia Sacramento Pascal. - Eis o mistério da
fé! Anunciamos a morte do Senhor, até que ele venha. O termo “anunciar”: não se trata de um anúncio
missionário, mas de um anúncio litúrgico com palavras e gestos (comer do pão,
beber do cálice), feito na comunidade.
Até que ele venha! Anunciamos
a morte daquele que amou até o fim, a ponto de dar a vida por causa do Reino.
Anunciamos, portanto, sua morte salvadora, sua vitória sobre a morte pela
ressurreição (glorificação) e a chegada do Reino a partir disso... tensão
escatológica, esperança de um mundo renovado.
A expressão Mistério
da fé encontra-se em 1Tm 3,9
e é como uma síntese do mistério redentor. O mistério da fé é a ceia
eucarística, memorial da morte e ressurreição do Senhor, até sua volta. É
celebração do mistério pascal, que
engloba a paixão, morte, ressurreição, ascensão e demais dimensões do único
mistério pascal de Cristo.
Muitas pessoas têm uma compreensão um tanto mágica da ‘consagração’;
aguardam com ansiedade e muita devoção o momento da transformação do pão e do
vinho no Corpo e Sangue do Senhor Jesus. Restringem sua atenção a este momento.
Esperam pelo momento da comunhão. Não acompanham a ação eucarística como um
todo.
Muitos entendem que a palavra ‘Eis o mistério da fé’ diz respeito
unicamente à transformação do pão e do vinho no Corpo e Sangue de nosso Senhor
Jesus Cristo. Será necessário chamar a atenção para a resposta que damos a esta
palavra. O mistério da fé que celebramos na eucaristia é o mistério pascal da
morte e ressurreição do Senhor Jesus, atuante na realidade pessoal e social.
A palavra de Jesus ‘Façam isto em memória de mim’, não pode ser entendida como uma
simples lembrança de sua pessoa, mas deve ganhar a densidade bíblica e
teológica de um ‘memorial’, uma ação simbólica, ritual, sacramental, que
permite nos tornarmos participantes da páscoa de Cristo. Ele nos faz passar,
juntamente com Ele, da morte para a vida.
O mistério pascal aponta ainda para a dimensão cósmica da Eucaristia: “...a Eucaristia é sempre celebrada sobre o
altar do mundo. Une o céu e a terra. Abraça e impregna toda a criação (...)
este é o ‘mysterium fidei’ que se realiza na Eucaristia: o mundo saído das mãos
de Deus Criador volta a ele redimido por Cristo.” (JPII, EcclEuc, n. 8).
Presença real de Cristo na eucaristia:
não é uma presença física, mas sacramental. Presença dinâmica e ativa, “na qual
se torna novamente presente a vitória e o triunfo de sua morte” (SC 6), uma
presença não mais centrada unicamente na morte de Jesus, mas apontando para
“seu corpo no estado glorioso de ressuscitado” (João Paulo II, Ecclesia de Eucharistia, 18).
Participar
da missa é imbuir-se da mesma força, presença de Jesus para fazer o mesmo que
ele fez. A transfiguração da minha vida precisa transfigurar o mundo. A
eucaristia nos foi dada para a transformação do mundo.
Cordeiro de Deus – fração do pão. Somos
muitos, mas formamos um só corpo. Sozinha/o eu não sou o corpo de Cristo. Sou
parte deste corpo. Somente na assembleia reunida formamos o corpo de Cristo.
1Cor 12, 27. Em cada Celebração Eucarística precisamos passar da morte para a
vida. Com Jesus precisamos fazer esta passagem, ver Colossenses 3, 1 - 17.
Os
termos ‘corpo entregue por vós’, e ‘sangue da nova e eterna aliança derramado
por vós’, apontam para a morte de Jesus entendida como sacrifício; não mais
como os sacrifícios de animais da tradição sacerdotal na Antiga Aliança, mas
como o sacrifício espiritual da tradição profética, como entrega de sua vida,
em resgate de muitos.
“Anunciar a morte do Senhor ‘até que ele
venha’ inclui, para os que participam da eucaristia, o compromisso de
transformarem a vida, de tal forma que esta se torne, de certo modo,
‘eucarística’. São precisamente este fruto de transfiguração da existência e o
empenho de transformar o mundo segundo o evangelho que fazem brilhar a tensão
escatológica da celebração eucarística e de toda a vida cristã: ‘Vinde, Senhor
Jesus!’ (Ap 22,20).” (JPII, EcclEuc, n.
20).
O Cristo Ressuscitado está presente (‘presença
real’!) também na assembleia litúrgica que ora e canta, na Palavra proclamada,
no ministro que preside a celebração. Ele está presente em todos os momentos de
nossa vida e em todas as realidades, fazendo acontecer a páscoa na história da
humanidade.
Documentos citados pela Irmã Ione Buyst
] Missa (A)
memória de Jesus no coração da vida
] Celebrar com símbolos
] Sinais, palavras e gestos na
liturgia
] Pão e vinho para nossa ceia com
o Senhor
] Participação na Liturgia
] Documento da CNBB - Nº 89
] Sacrossanto Concilio - Nº 40
Irmã Maria Aparecida Rosa, sdn
Nenhum comentário:
Postar um comentário