O Tema escolhido para a Campanha da Fraternidade / 2016, neste ano, Ecumênica, é providencial para a nossa realidade: “Casa Comum, nossa responsabilidade”. O lema, “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca” (Am 5,24).

Deus ao criar a nossa “Casa Comum” viu que tudo era muito bom! (Gn 1, 31). Quem de nós também não contemplaria uma obra de arte criada por nossas mãos!...

Quem cria, cuida, admira, protege, enfim, estabelece um diálogo contemplativo com a obra criada. “Desci até à  casa do oleiro e o encontrei fazendo um objeto no torno. O objeto que ele estava fazendo se deformou, mas ele aproveitou o barro e fez outro objeto, conforme lhe pareceu melhor (Jr 18, 3 - 4). Muitas vezes, nós antecipamos a perda de paciência, não dialogamos; descartamos o mais rápido possível. Será que em nossas relações com a natureza, com Deus, com as pessoas, também não acontece o mesmo?

O Papa Francisco nos diz em sua Encíclica, “Laudato Si”: “Estas situações provocam os gemidos da irmã terra, que se unem aos gemidos dos abandonados do mundo, com um lamento que reclama de nós outro rumo. Nunca maltratamos e ferimos a nossa Casa Comum como nos últimos dois séculos. Mas, somos chamados a tornar-nos  instrumentos de Deus Pai, para que o nosso planeta seja o que Ele sonhou ao criá-lo e corresponda ao seu projeto de paz, beleza e plenitude” (53).

Deus, em sua infinita bondade, não perde a paciência conosco e continua criando, recriando e ornamentando nossa Casa Comum. Caberia ao ser humano desenvolver uma atitude de corresponsabilidade para com a obra criada para o nosso bem. Em vez disso, muitos dificultam a obra de Deus, através de atitudes incorretas, desde jogar um papel de bala na rua, sem nenhum senso de pertença ao espaço público, até outras formas maiores de agressão à nossa Mãe Terra.

Nós sabemos da importância de cuidar da Casa Comum. Sabemos também que as epidemias, viroses e outras doenças, vêm do descuido em relação ao material que descartamos de forma incorreta, depositadas em lotes vazios, venenos aplicados nas lavouras que acabam contaminando a terra,... Nessa cadeia de desleixo, todos os seres viventes ficam prejudicados. Mas, normalmente nos damos conta disso, só quando adoecemos e precisamos recuperar nossa saúde; e, então, ao nos dirigirmos aos postos de atendimento, percebemos que eles já estão abarrotados. Isto sim, nos apavora!

A natureza além de nos revelar a presença amorosa de Deus, também nos proporciona o bem estar, a harmonia, a paz. Gostamos de procurar, para o nosso descanso as   praias, as cachoeiras, as áreas verdes, com flores, arborizadas, nos oferecendo o ar puro, a tranquilidade... Tanta variedade de frutos saborosos que a terra nos oferece!... As plantas medicinais, hortaliças diversas!... “Vejam! Eu entrego a vocês todas as ervas que produzem semente e estão sobre toda a terra, e todas as árvores em que há frutos que dão semente: tudo isso será alimento para vocês. E para todas as feras, para todas as aves do céu, e para todos os seres que rastejam sobre a terra e nos quais há respiração de vida, eu dou relva como alimento. Deus viu tudo que havia feito, e tudo era muito bom” (Gn 1, 29 - 31).

Todas/os nós, pessoas de fé precisamos zelar pela nossa Casa Comum. Nessa atitude de cuidado para com a natureza, estamos cultivando também a presença de Deus, que se revela na sua Criação.

Irmã Maria Aparecida Rosa, sdn