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33º DOMINGO DO TEMPO COMUM –
15/11/2020
Queridos Irmãos e Irmãs,
A liturgia celebrada hoje nos desperta para três elementos
importantes:
_O IV Dia Mundial dos Pobres. (Carta
Apostólica Misericórdia et Misera, em
2016);
_Fazer frutificar o DOM que recebemos de Deus;
_O compromisso de elegermos nossos representantes municipais.
PRIMEIRA LEITURA – Livro
dos Provérbios (31,10-13.19-20.30-31)
Uma mulher forte, quem a encontrará? Ela vale muito mais do que as joias. Seu marido confia nela plenamente, [...] Ela lhe dá só alegria e nenhum desgosto, todos os dias de sua vida. Procura lã e linho, e com habilidade trabalham as suas mãos. [...]. Abre suas mãos ao necessitado e estende suas mãos ao pobre. O encanto é enganador e a beleza é passageira; a mulher que teme ao Senhor, essa sim, merece louvor.
O autor sagrado nos apresenta uma mulher com características
fundamentadas nos valores cristãos. Ele diz que ela é uma mulher atenciosa,
atenta às necessidades da sua casa e dos outros, trabalhadora, honesta, feliz,
esperançosa, enfim, uma pessoa comprometida com a vida. Isso nos remete a uma
experiência familiar, onde o amor se faz presente. Aqui podemos entender que o
autor está aproveitando desta “figura” da mulher, para falar da importância da sabedoria
em nossa vida, ou seja, uma pessoa que dá conta de aplicar em sua vida a
sabedoria que edifica sua vida e a vida das pessoas ao seu redor, ela ilumina
nossa condição para o discernimento sobre aquilo que nos convém.
Evangelho
Mt 25,14-30
Jesus contou esta parábola a seus discípulos: Um homem ia viajar para o estrangeiro. Chamou seus empregados e lhes entregou seus bens. A um deu cinco talentos, a outro deu dois e ao terceiro, um;
a cada qual de acordo com a sua capacidade. Em seguida
viajou. O empregado que havia recebido cinco
talentos trabalhou com eles, e lucrou outros
cinco. Do mesmo modo, o que havia recebido dois. Mas aquele que havia recebido um
só escondeu o dinheiro do seu patrão. Depois de muito tempo, o patrão voltou e foi acertar contas com os empregados. O empregado que havia recebido cinco talentos entregou-lhe mais cinco. O patrão
lhe disse: ‘Muito bem, servo bom e fiel!
Como foste fiel na administração de tão pouco, eu te
confiarei muito mais’. Do mesmo modo o que havia recebido dois. O patrão lhe disse: ‘Muito bem, servo bom e fiel! Como foste fiel na administração de tão pouco, eu te confiarei
muito mais’. Por
fim, chegou aquele que havia recebido um talento, e
disse: ‘fiquei com medo e escondi o teu talento no chão’. O
patrão lhe respondeu: ‘Servo mau e preguiçoso! Devias ter depositado meu
dinheiro no banco, para que, ao voltar, eu
recebesse com juros o que me pertence. Porque a todo
aquele que tem será dado mais, e terá em
abundância, mas daquele que não tem até o que tem lhe será tirado’.
Jesus contou esta parábola não para amedrontar ninguém, mas
para dizer que o Pai nos deu todos os seus bens. Nós temos a tendência em associar
esses talentos com as nossas habilidades, nossos dons e até mesmo fazer
comparações entre nós. Podemos até pensar assim, mas o que Jesus está nos
revelando trata-se de algo muito mais profundo. Ele está nos ensinando que o talento maior é o amor, que o Pai nos deu gratuitamente,
para que multiplicássemos esse dom entre nós, na construção de seu Reino. Pela prática do amor nós nos
tornamos cada vez mais filhas e filhos do mesmo Pai, que primeiro nos amou.
Interessante a lógica de Deus, aqui representada pelo senhor que viajou. O elogio para aquele
que recebeu cinco talentos e lucrou mais cinco é o mesmo elogio para quem
recebeu dois. Isto confirma que para Deus, somos iguais. “O amor coloca-nos em tensão para a comunhão universal. Ninguém
amadurece nem alcança a sua plenitude, isolando-se” (Fratelli Tutti, n. 95). “O mundo existe para todos, porque todos
nós, seres humanos, nascemos nesta terra com a mesma dignidade” (Fratelli
Tutti, n. 118). Assim, ao prestar
um serviço à comunidade, fazendo frutificar nossos dons, nós crescemos na
abertura a Deus, permitindo que Ele “atualize” em nós o que já nos foi dado.
O que seria esse servo mau e preguiçoso? Ele sabia da
seriedade, do compromisso, das consequências e por isso, ficou com medo e
enterrou o talento recebido. De fato, quando nós nos colocamos para servir à
comunidade nos vários serviços, passamos pela experiência do medo, da insegurança,
do desânimo, mas foi preciso arriscar. “Deus
não escolhe pessoas capacitadas, mas capacita as escolhidas”. Em nossa
abertura, Deus pode fazer tudo em nós, nos diz São Paulo na segunda leitura: “Todos
vós sois filhos da luz e filhos do dia. Não somos da noite, nem das trevas. [...]
sejamos vigilantes e sóbrios” (1 Ts 5,5-6).
Estas leituras de hoje nos apontam para uma
resposta concreta ao Senhor, que nos confiou todos seus bens e espera pela nossa
atitude de fazer frutificar esses bens/talentos, na construção do Reino. Neste
sentido, o Papa Francisco está sempre nos alertando para o cuidado com a vida
e, sobretudo, a vida dos mais vulneráveis. No encerramento do Jubileu da
Misericórdia, em 2016 ele instituiu o
Dia Mundial dos Pobres. Este ano ele propôs o tema “Estende a tua mão ao pobre” (Sir 7, 32). Ele continua dizendo: “A
pobreza assume sempre rostos diferentes, que exigem atenção a cada condição
particular: em cada uma destas, podemos encontrar o Senhor Jesus, que revelou
estar presente nos seus irmãos mais frágeis” (cf. Mt 25, 40). Dom Walmor e os
Bispos auxiliares de Belo Horizonte, em sua mensagem pelo dia das eleições,
disseram: “Precisamos estar atentos à
acolhida e à inclusão das pessoas que, em crescente número, passam a morar nas
ruas de nossas cidades. Também necessitamos, urgentemente, de políticas
públicas que melhorem as condições de vida em aglomerados e nas comunidades
mais pobres”. Pelo nosso voto podemos mudar este cenário!
Que a Palavra de Deus nos ilumine e nos dê
a graça do discernimento para escolhermos bem nossos representantes municipais,
visando sempre o bem comum. O Papa Francisco em sua Encíclica nos diz: “Na atividade política, é preciso recordar-se
de que independentemente da aparência, cada um é imensamente sagrado e merece o
nosso afeto e a nossa dedicação. Por isso, se consigo ajudar uma só pessoa a
viver melhor, isso já justifica o dom da minha vida” (Fratelli
Tutti, n. 195). Dom Orlando Brandes
diz: “Votar é um ato de amor pátrio, é um
direito, é próprio da democracia. Votar quer dizer exercer o poder que o povo
tem de transformar a realidade”.
Sugestão - Oração ao Criador. Fratelli Tutti, Pg. 148.
Senhor
e Pai da humanidade, que criastes todos os seres humanos com a mesma dignidade,
infundi nos nossos corações um espírito fraterno. Inspirai-nos o sonho de um
novo encontro, de diálogo, de justiça e de paz. Estimulai-nos a criar
sociedades mais sadias e um mundo mais digno, sem fome, sem pobreza, sem
violência, sem guerras.
Que
o nosso coração se abra a todos os povos e nações da terra, para reconhecer o
bem e a beleza
que semeastes em cada um deles, para estabelecer laços de unidade, de projetos
comuns,
de esperanças compartilhadas. Amém!
Irmã Maria
Aparecida Rosa, sdn
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